BarbArisi - barbara arisi
diários de bordo de viagem e da vida continhos causos artigos matérias y otras cositas más
junho 04, 2017
janeiro 06, 2017
maio 22, 2013
“ANTROPOFAGIA”: CAPTURANDO IMAGENS INDÍGENAS NA RIO+20
Artigo de Marcos Alexandre Albuquerque, Barbara Arisi e Waleska Aureliano.
“ANTROPOFAGIA”: CAPTURANDO IMAGENS INDÍGENAS NA RIO+20
“ANTROPOFAGIA”: CAPTURANDO IMAGENS INDÍGENAS NA RIO+20
Resumo: Esse ensaio fotográfico aborda
o contexto da produção imagética feita pelos e sobre os indígenas durante a
Rio+20. Enfatizamos aqui flagrantes e performances indígenas cuja centralidade
está na produção de imagens em diferentes formatos. Por meio desse registro
imagético é possível questionar a proeminência de um tipo de exotismo cuja
autenticidade é invocada na construção do diálogo intercultural.
Palavras-chave: indígenas; Rio+20; autenticidade;
imagem.
LONDRINENSES - OSCAR
Barbara Arisi
O pequenino Oscar Park já estava chorando de novo. Saudades
é uma palavra que não existe em inglês, mas Oscar conhece a fundo seu significado. Sua
mãe é irlandesa; seu pai, londrino, mas a babá é brasileira. Com ela, Oscar aprendeu a sentir
saudades, aquele banzo que os negros escravos trouxeram como herança para a terra nova dentro do peito e
os brasileiros exportam com essa facilidade de passar mercadorias perigosas pelas aduanas.
Oscar ainda é pequeno, seus cabelos são completamente
amarelos, sua pele rosinha clara, seus olhos duas bolitas azuis e, quando ele ri, seus dentes
pequenos aparecem, come seus pedacinhos de bacalhau com macarrão enlatado com molho de tomate, tudo
direto do freezer para o microondas e do microondas para o pratinho de plástico verde com desenho
de tiranossauros.
A casa da família Park fica perto do Stockwell Park, tem
três andares e para os padrões europeus é enorme. O pai de Oscar é arquiteto e a mãe é
médica, o pai tem um escritório perto de Picadilly e ficou famoso quando era hippie nos anos 70 e
desenhou o muro, The Wall, do Pink Floyd. A mãe nasceu em Belfast de família católica e por isso Oscar
foi batizado cristão. Foi logo depois do batismo que Lucíola telefonou para pedir emprego, sugerida
por uma agência de babás que não se importava com sua falta de papéis.
Quando a senhora abriu a porta para entrevistá-la, Lucíola
notou que havia um certo desencanto nos olhos da irlandesa. Sentada no sofá, Lucíola
perguntou se o casal esperava que ela fosse diferente. O casal riu. “Pensávamos que você era
negra”, disse a mãe. “Oscar teve uma babá negra e gostava muito dela, quando ouvimos sua voz rouca e
você disse ser brasileira pensamos que você era negra, é isso.” Lucíola saiu-se com essa: “Ora, a
senhora pode não ver, mas eu sou negra também”.
A senhora esboçou um sorriso, mas foi Oscar quem resolveu a
situação arrastando um livro enorme até seu lado e tentando escalar o sofá para que
aquela moça lesse o livro para ele e lhe mostrasse as figuras. Pronto, o menino já havia selecionado
sua nova babá. No próximo dia, Lucíola começou a cozinhar lentilhas para ele, achava uma loucura
que um menininho tão pequeno comesse apenas enlatados.
Oscar e Lucíola se divertiram sujando a mesa com um mar de
lentilhas e olhando as figuras dos livros de plástico com desenhos de leões e mosquitos e patos
e elefantes. Ela falava com o menino em português e ele repetia aquelas palavras tão bonitas, tão
sorridentes e ensolaradas. Quando Lucíola falava inglês com o pequeno achava
que ele a estranhava, portanto seguiu falando português e só usava inglês quando os pais estavam por perto.
Nos dias de calor, quando chegou o verão, tiravam juntos uma
soneca no Stockwell, ele no carrinho, ela estirada na grama e depois iam comer torta de
morango no café do parque. E agora que ela se fora, o pequeno Oscar carregava aquele sentimento tão
pesado, triste, solitário. Saudades, como se fosse permitido exportar para todo o mundo um sentimento
de desterro tão violento.
Publicação impressa pela Unila Cartonera. 2013.
Creative Commons (cc) Não copie sem citar a fonte corretamente.
Creative Commons (cc) Não copie sem citar a fonte corretamente.
março 11, 2012
Amazonian Exchanges: Txema’s Lessons With Outboard Engines, Mosquito Nets And Images
artigo meu publicado na revista International Review of Social Research.
Amazonian Exchanges: Txema’s Lessons With Outboard Engines, Mosquito Nets And Images
http://www.irsr.eu/issue04/11_Arisi_p167-184.pdf
Abstract: This article provides an ethnographic analysis of lessons given by an Amazonian Indian elder called Txema concerning transactions of objects and images. Txema has lived until 1978 in the Amazon as a hunter and farmer in very small communities spread in the forest mainly avoiding conflict with non-indigenous people. The Matis established contact with the Brazilians in 1978 and now Txema deals with British TV crews and researchers. This paper brings detailed information on how Txema transacts many objects like outboard engines and mosquito nets for images and care. Values are discussed in those transactions. Drawing an ethnographic description as the way to achieve reflection, this paper tries to show a close approach to what kind of transformation a lot of industrialized objects provoke in an indigenous community. Material culture exchanges are closely related to values and Txema teaches us what is valuable for this elder Amazonian man.
Keywords: value, economy, transaction, Amazon, Pano, Matis.
Amazonian Exchanges: Txema’s Lessons With Outboard Engines, Mosquito Nets And Images
http://www.irsr.eu/issue04/11_Arisi_p167-184.pdf
Abstract: This article provides an ethnographic analysis of lessons given by an Amazonian Indian elder called Txema concerning transactions of objects and images. Txema has lived until 1978 in the Amazon as a hunter and farmer in very small communities spread in the forest mainly avoiding conflict with non-indigenous people. The Matis established contact with the Brazilians in 1978 and now Txema deals with British TV crews and researchers. This paper brings detailed information on how Txema transacts many objects like outboard engines and mosquito nets for images and care. Values are discussed in those transactions. Drawing an ethnographic description as the way to achieve reflection, this paper tries to show a close approach to what kind of transformation a lot of industrialized objects provoke in an indigenous community. Material culture exchanges are closely related to values and Txema teaches us what is valuable for this elder Amazonian man.
Keywords: value, economy, transaction, Amazon, Pano, Matis.
abril 23, 2011
artigo Narrativas Matis sobre contato e isolamento Korubo
Fronteiras e Limites do Brasil
Revista Mundo Amazónico, UNAL
Universidad Nacional de Colombia, sede Amazonia
II Mostra de Arte Indígena
UFSC, Udesc e Museu da Escola Catarinense
Nosso blog do evento II Mostra
http://pib.socioambiental.org/es/noticias?id=94027
janeiro 20, 2011
Pinturas Matis
Animais Pintados
Barbara A.
Sonhou que eu era onça,
Onça de pintas-sardas.
Pintou meu peito, minhas costas,
como papo de sapo
e bolinhas de jenipapo.
Na perna de meu irmão,
desenhou um braço morcego.
Na testa, tatuadas,
Listras azuis suadas.
Tatu anta capivara,
Queixada vara.
London 3
Luciola pedala furiosa sua bicicleta até a estação. Já dentro do vagão, prefere não olhar as mãos com feridas do maldito produto aquele com cloro ou não sei que outra porcaria que era para limpar o fogão e ela usou para o banheiro. Humilhação não é a palavra, é apenas um desgosto total, ainda mais que uma carta de papel cor-de-rosa chegou escrita por sua mãe naquele mesmo dia. Querida filha, não entendo como uma moça que estudou tanto para ser arquiteta pode estar subordinada a uma situação como essa, de limpar privadas. Ai, tem dias que é melhor ficar embaixo das cobertas. Pô, atividade nobre, limpar privadas. Meio budista até... Socorro, mais ainda quando o termômetro da TV marca 2 graus negativos.
Luciola conseguiu um bico de limpar escritórios na área da City, perto de London Bridge. Ela gosta de caminhar na contramão de todos aqueles homens engravatados que saem pontualmente britânicamente nervosamente de seus bancos internacionais, Tokyo, Deutsche, Midland, Swiss, Singapura, Cayman, paraísos e ilhas aqui acolá . E só precisa caminhar mais 3 quadras aproveitando que ninguém olha seu rosto e então chega naquele beco onde a placa histórica é testemunha que ali bem ali, naquele fino bairro, Londres já havia sido destruída uma vez pelo fogo, ali onde um ano antes houvera a peste. A população ficou reduzida à metade depois das pragas.
janeiro 19, 2011
Old poem to Helge
An old lost poem I wrote
To Helge 97
I´ve tried to rebuild you in memories
but I could only find your pieces.
your lips
your chin
your breast
your belly
your dick
your legs
your feet
your knees
your bum
your back
your neck
your hair
your eyes
but I couldn´t.
So, that´s why I am here.
To Helge 97
I´ve tried to rebuild you in memories
but I could only find your pieces.
your lips
your chin
your breast
your belly
your dick
your legs
your feet
your knees
your bum
your back
your neck
your hair
your eyes
but I couldn´t.
So, that´s why I am here.
Assinar:
Postagens (Atom)