junho 04, 2017

janeiro 06, 2017

ARISI, B. M. 2016. Matis Animal Feasts: minimal mimesis for social relations weaving. Vibrant, v.13 n.2. Pp. 78-94.

https://www.academia.edu/30698686/ARISI_B._M._2016._Matis_Animal_Feasts_minimal_mimesis_for_social_relations_weaving._Vibrant_v.13_n.2._Pp._78-94

ARISI, Barbara. 2012. "La No-Frontera Pano: etnónimos como categorías alternativas y múltiples entre Matis y Korubo". Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America: Vol. 10: Iss. 1, Article 2, 19-36.

https://www.academia.edu/6707712/ARISI_Barbara._2012._La_No-Frontera_Pano_etnónimos_como_categor%C3%ADas_alternativas_y_múltiples_entre_Matis_y_Korubo_._Tipit%C3%AD_Journal_of_the_Society_for_the_Anthropology_of_Lowland_South_America_Vol._10_Iss._1_Article_2_19-36

ARISI, Barbara & CANTERO, Marina. 2016. Lixo industrializado, consumo e descarte: vivências dos povos indígenas Matis (Amazônia, Brasil) e Guarani (Ciudad del Este, Paraguay). In: Carmen Rial (org), O poder do lixo: abordagens antropológicas dos resíduos sólidos. Brasilia, editora ABA. Pp 381-398

https://www.academia.edu/28151642/ARISI_Barbara_and_CANTERO_Marina._2016._Lixo_industrializado_consumo_e_descarte_vivências_dos_povos_ind%C3%ADgenas_Matis_Amazônia_Brasil_e_Guarani_Ciudad_del_Este_Paraguay_._In_Carmen_Rial_org_O_poder_do_lixo_abordagens_antropológicas_dos_res%C3%ADduos_sólidos._Brasilia_editora_ABA._Pp_381-398

maio 22, 2013

“ANTROPOFAGIA”: CAPTURANDO IMAGENS INDÍGENAS NA RIO+20

Artigo de Marcos Alexandre Albuquerque, Barbara Arisi e Waleska Aureliano.
“ANTROPOFAGIA”: CAPTURANDO IMAGENS INDÍGENAS NA RIO+20

Resumo: Esse ensaio fotográfico aborda o contexto da produção imagética feita pelos e sobre os indígenas durante a Rio+20. Enfatizamos aqui flagrantes e performances indígenas cuja centralidade está na produção de imagens em diferentes formatos. Por meio desse registro imagético é possível questionar a proeminência de um tipo de exotismo cuja autenticidade é invocada na construção do diálogo intercultural.
Palavras-chave: indígenas; Rio+20; autenticidade; imagem.




LONDRINENSES - OSCAR
Barbara Arisi


O pequenino Oscar Park já estava chorando de novo. Saudades é uma palavra que não existe em inglês, mas Oscar conhece a fundo seu significado. Sua mãe é irlandesa; seu pai, londrino, mas a babá é brasileira. Com ela, Oscar aprendeu a sentir saudades, aquele banzo que os negros escravos trouxeram como herança para a terra nova dentro do peito e os brasileiros exportam com essa facilidade de passar mercadorias perigosas pelas aduanas.

Oscar ainda é pequeno, seus cabelos são completamente amarelos, sua pele rosinha clara, seus olhos duas bolitas azuis e, quando ele ri, seus dentes pequenos aparecem, come seus pedacinhos de bacalhau com macarrão enlatado com molho de tomate, tudo direto do freezer para o microondas e do microondas para o pratinho de plástico verde com desenho de tiranossauros.
A casa da família Park fica perto do Stockwell Park, tem três andares e para os padrões europeus é enorme. O pai de Oscar é arquiteto e a mãe é médica, o pai tem um escritório perto de Picadilly e ficou famoso quando era hippie nos anos 70 e desenhou o muro, The Wall, do Pink Floyd. A mãe nasceu em Belfast de família católica e por isso Oscar foi batizado cristão. Foi logo depois do batismo que Lucíola telefonou para pedir emprego, sugerida por uma agência de babás que não se importava com sua falta de papéis.

Quando a senhora abriu a porta para entrevistá-la, Lucíola notou que havia um certo desencanto nos olhos da irlandesa. Sentada no sofá, Lucíola perguntou se o casal esperava que ela fosse diferente. O casal riu. “Pensávamos que você era negra”, disse a mãe. “Oscar teve uma babá negra e gostava muito dela, quando ouvimos sua voz rouca e você disse ser brasileira pensamos que você era negra, é isso.” Lucíola saiu-se com essa: “Ora, a senhora pode não ver, mas eu sou negra também”.

A senhora esboçou um sorriso, mas foi Oscar quem resolveu a situação arrastando um livro enorme até seu lado e tentando escalar o sofá para que aquela moça lesse o livro para ele e lhe mostrasse as figuras. Pronto, o menino já havia selecionado sua nova babá. No próximo dia, Lucíola começou a cozinhar lentilhas para ele, achava uma loucura que um menininho tão pequeno comesse apenas enlatados.

Oscar e Lucíola se divertiram sujando a mesa com um mar de lentilhas e olhando as figuras dos livros de plástico com desenhos de leões e mosquitos e patos e elefantes. Ela falava com o menino em português e ele repetia aquelas palavras tão bonitas, tão sorridentes e ensolaradas. Quando Lucíola falava inglês com o pequeno achava que ele a estranhava, portanto seguiu falando português e só usava inglês quando os pais estavam por perto.

Nos dias de calor, quando chegou o verão, tiravam juntos uma soneca no Stockwell, ele no carrinho, ela estirada na grama e depois iam comer torta de morango no café do parque. E agora que ela se fora, o pequeno Oscar carregava aquele sentimento tão pesado, triste, solitário. Saudades, como se fosse permitido exportar para todo o mundo um sentimento de desterro tão violento.

Publicação impressa pela Unila Cartonera. 2013.
Creative Commons (cc) Não copie sem citar a fonte corretamente. 

março 11, 2012

Amazonian Exchanges: Txema’s Lessons With Outboard Engines, Mosquito Nets And Images

artigo meu publicado na revista International Review of Social Research.

Amazonian Exchanges: Txema’s Lessons With Outboard Engines, Mosquito Nets And Images

http://www.irsr.eu/issue04/11_Arisi_p167-184.pdf


Abstract: This article provides an ethnographic analysis of lessons given by an Amazonian Indian elder called Txema concerning transactions of objects and images. Txema has lived until 1978 in the Amazon as  a hunter and farmer in very small communities spread in the forest mainly avoiding conflict with non-indigenous people. The Matis established contact with the Brazilians in 1978 and now Txema deals with British TV crews and researchers. This paper brings detailed information on how Txema transacts many objects like outboard engines and mosquito nets for images and care. Values are discussed in those transactions. Drawing an ethnographic description as the way to achieve reflection, this paper tries to show a close approach to what kind of transformation a lot of industrialized objects provoke in an indigenous community. Material culture exchanges are closely related to values and Txema teaches us what is valuable for this elder Amazonian man.
Keywords: value, economy, transaction, Amazon, Pano, Matis.

janeiro 20, 2011

Pinturas Matis

Animais Pintados
Barbara A.
 
Sonhou que eu era onça,
Onça de pintas-sardas.

Pintou meu peito, minhas costas,
como papo de sapo
e bolinhas de jenipapo.

Na perna de meu irmão,
desenhou um braço morcego.

Na testa, tatuadas,
Listras azuis suadas.

Tatu anta capivara,
Queixada vara.

London 3


Luciola pedala furiosa sua bicicleta até a estação. Já dentro do vagão, prefere não olhar as mãos com feridas do maldito produto aquele com cloro ou não sei que outra porcaria que era para limpar o fogão e ela usou para o banheiro. Humilhação não é a palavra, é apenas um desgosto total, ainda mais que uma carta de papel cor-de-rosa chegou escrita por sua mãe naquele mesmo dia. Querida filha, não entendo como uma moça que estudou tanto para ser arquiteta pode estar subordinada a uma situação como essa, de  limpar privadas. Ai, tem dias que é melhor ficar embaixo das cobertas. Pô, atividade nobre, limpar privadas. Meio budista até... Socorro, mais ainda quando o termômetro da TV marca 2 graus negativos.

Luciola conseguiu um bico de limpar escritórios na área da City, perto de London Bridge. Ela gosta de caminhar na contramão de todos aqueles homens engravatados que saem pontualmente britânicamente nervosamente de seus bancos internacionais, Tokyo, Deutsche, Midland, Swiss, Singapura, Cayman, paraísos e ilhas aqui acolá . E só precisa caminhar mais 3 quadras aproveitando que ninguém olha seu rosto e então chega naquele beco onde a placa histórica é testemunha que ali bem ali, naquele fino bairro, Londres já havia sido destruída uma vez pelo fogo, ali onde um ano antes houvera a peste. A população ficou reduzida à metade depois das pragas.

Uma cidade inteira para reconstruir, casebres, casinhas, casonas. Luciola está  atrasada, precisa correr os últimos metros e não adianta agora sonhar com o fogo e as labaredas, precisa apenas concentrar-se em não ser atropelada pelas carroças que carregam esses homens tão bem vestidos com seus ternos bem cortados que vão chacoalhando dentro de seus caixões

janeiro 19, 2011

Old poem to Helge

An old lost poem I wrote
To Helge 97

I´ve tried to rebuild you in memories
but I could only find your pieces.
your lips
your chin
your breast
your belly
your dick
your legs
your feet
your knees
your bum
your back
your neck
your hair
your eyes
but I couldn´t.
So, that´s why I am here.